Em 2009 um grupo de pessoas cansadas
de
viver de favores na casa de familiares invadiu um morro, seguindo seu Gastão, um
nordestino porreta que conhecia um pouco de lei, ele era uma espécie de
advogado dos sem teto sob sua promessa o povo tomou o lugar e começou a fazer
os barracos. As construções eram simples, tábuas de compensado com um fundo
vermelho, o banheiro era um buraco embaixo da privada, os canos davam para uma
vala e a lei da gravidade cuidava do resto.
Logo começaram as reivindicações para as ligações de água e luz, mas a coisa
toda ainda demoraria e muito, mas tudo bem. A comunidade precisava de um nome e
Vila Paraizinho foi a designação escolhida, mas algo de muito ruim estava por
acontecer, num triste dia uma senhora passava na parte de baixo do morro, deixa
eu explicar, a comunidade ficava bem em cima e na parte de baixo havia uma
estrada ao lado do paredão de pedra, o caminho natural do esgoto era o paredão
e quem passava pela parte debaixo não poderia controlar a hora em que as
rajadas de merda cairiam morro abaixo.
Desculpe por eu não ter explicado o que aconteceu no parágrafo anterior, tomei
um pouco de fôlego para continuar a história. Bem... Dona Guiomante, enfermeira
de carreira do hospital da cidade estava caminhado pela rua, ao lado do local
em que a água podre caia. Eu creio que você já deve deduzir o que aconteceu com
a pobre mulher. A toletada caiu com tudo na cabeça da mulher, ela gritou,
esperneou, voltou apressada para sua casa, cerca de uns 150 metros do local,
mas tudo isto ficaria em silêncio se não fosse aquele o auge das saídas de
quase todos os que trabalhavam nos diversos pontos da cidade, todos davam altas
risadas e não demorou para que o local recebesse um novo nome, o “Morro do Rola
Bosta”.
O tempo foi passando e ninguém mais se lembrava do nome dado à comunidade,
Paraizinho, agora era Rola Bosta pra cá, Rola bosta pra lá, e com o tempo até
mesmo quem morava perto da comunidade ficou rotulado.
- Rua Carlos Chagas, 53, sei... Perto do Rola Bosta?
- O caminhão vai passar lá pelo Rola Bosta, às 9 da manhã.
- Qual o seu endereço filha? Sei, ao lado do Rola Bosta?
E assim o nome foi virando uma marca, uma marca que constrangia quem por lá
residia. Algumas pessoas que chegavam à comunidade se arrependiam depois de
saber o nome do local.
Um dia o time do Paraizinho foi jogar contra o Bairro da Olaria, todos
perguntavam de onde era o time, até que o locutor começou a chamar de os
garotos do Rola Bosta. O nome pegou e quando faziam um gol o narrador do alto
falante gritava:
- É gooooooooooooooool, do Rola Bosta!!!
Os jogadores ficavam azedos de raiva, mas nada podiam fazer, era algo superior
a eles mesmos.
A comunidade foi crescendo e algo inacreditável aconteceu surgiu o Rola bosta
II, um absurdo. Faz dois meses que saí de lá, evito até mesmo passar por perto,
hoje minha vida é um paraíso.
Haroldo Ribeiro
imagem: usefaz.com.br
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