Léo acordava cedo todos os dias,
mas agora o motivo não era mais o trabalho, ele estava há mais de dois meses desempregado, a situação em casa não era das melhores, já estava faltando até mesmo o básico, a sorte numa hora dessas costuma ser sarcástica e o pobre desempregado num destes dias indo para uma entrevista em Santos achou uma carteira, a tal parecia estar recheada, e estava. O dono da linda peça de couro tinha dentro dela nada menos do que mil reais. Para a sua infelicidade Léo percebeu que a carteira tinha documentos, isto impedia que um homem como ele gastasse os valores ali presentes.
A alegria de ter achado a carteira recheada deu lugar a um senso de responsabilidade e o "sortudo resolveu ligar para o dono da pequena fortuna, na opinião de Léo.
_ Alô Macedônio?
_ Sim!
_ O senhor perdeu uma carteira com mais de mil reais? _ Assustado o rapaz no outro lado da linha conferiu os bolsos, ele ainda não havia percebido que a carteira não estava mais em seu bolso. _ Sim eu perdi! Completou.
_ Pois bem eu achei a carteira, dá o endereço de sua casa que eu levo pro senhor.
Já eram seis e meia e Léo foi até a casa do homem que perdera a carteira e devolveu-a ao dono. Como recompensa ele recebeu cinquenta reais, o que se transformou em alimentos para seus dois filhos e sua mulher.
A principio Léo não queria dizer para sua mulher o que acontecera com ele, mas resolveu contar enfim. A reação não foi das melhores, entre outras alegações sua companheira disse que ele deveria ficar com o dinheiro e só ligar indicando onde estavam os documentos, as crianças, um de 10 anos e a outra de 8 só escutavam sem expressar nenhum tipo de reação a favor ou contra. O pai de família humilhado escutava sua mulher dando exemplo de vizinhos que tinham muito dinheiro, mas que, o marido sabia ser de fontes desonestas, um ou outro nome citados por elas eram verdadeiros homens de bem, mas a maioria roubava, de uma forma ou de outra.
Ao levar o dinheiro para casa, o homem desempregado tirou sete reais para pagar sua condução no outro dia, o dinheiro do transporte não poderia faltar. Gonçalves, amigo de infância deu um endereço no centro de Santos, a entrevista seria logo pela manhã. No local indicado já havia um número muito grande de desempregados, a impressão que se tinha era que no meio daquele povo todo havia gente que tinha emprego, mas que queria trocar, a vaga tinha um salário de mais de 1500 reais por mês.
_ Se soubesse o valor do salário, não viria, afinal não tenho a menor chance! _ Disse Léo para um desconhecido ao seu lado.
_ Tudo pode acontecer _ Disse o anônimo respondendo ao desabafo.
Depois de mais de duas hora chegou a vez de Léo, uma mulher fez algumas perguntas e em pouco tempo... Para ser mais específico, ele não ficou nem um terço do tempo dos outros e já foi sendo despedido. Mais um dia de tristeza e com uma recepção negativa de sua Milena.
Léo já estava saindo da sala quando uma voz conhecida pediu sua atenção:
_ Ei, não foi você que achou minha carteira?
_ Sim!
Vânia, entreviste a todos, mas reserve a vaga para este homem, é de gente honesta que precisamos.!
Explodindo de alegria por dentro, Léo voltou para casa com só uma música em seus ouvidos. Honestidade... Honestidade … Honestidade!
Haroldo Ribeiro
imagem: borboletasxd
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