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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CASO ENVOLVENDO O GOVERNADOR AZIZ AINDA SEM SOLUÇÃO

ELIANE BRUM

Menina diz ter sido explorada sexualmente pelo vice-governador do Amazonas. Ele nega tudo e pede uma CPI para provar inocência

Na terça-feira, o vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL), foi à Assembléia Legislativa do Estado — onde o governo tem maioria — para pedir a criação de uma CPI para investigar sua "vida política e pessoal". Foi amplamente elogiado pela coragem. Enquanto isso, em outro ponto do país, o Ministério Público Federal registrava o depoimento de uma menor, suposta vítima de exploração sexual do vice-governador. Investigando o caso, Época conseguiu entrevistar a garota na semana passada. Ela disse ter encontrado Aziz em duas ocasiões, aos 14 anos, quando se prostituía. Numa delas, num escritório de Manaus, ele teria lhe pedido que fizesse sexo oral. Na outra, ela teria acompanhado a cafetina quando levou ao político uma garota de 13 anos, com quem ele teria ficado trancado no carro por cerca de 30 minutos nas proximidades do Hotel Tropical. "Não conheço essa moça, nem sua família. Queria que fizessem uma acareação", defendeu-se Aziz. "Tenho 20 anos de vida pública, sempre combati esse crime, estou desestruturado com essas acusações. Vou provar minha inocência."

A menina, hoje com 16 anos, está escondida, por iniciativa da mãe, que denunciou o caso à polícia. A relatora da CPI da Exploração Sexual, deputada Maria do Rosário (PT-RS), estuda com a família a possibilidade de a garota ingressar no programa federal de proteção à testemunha. Neste caso, ganharia uma nova identidade. "Os depoimentos que acusam o vice-governador são claros", diz a relatora. "Tenho convicção da sua responsabilidade e de que deve ser denunciado." O relatório da CPI, que realizou 18 audiências públicas em todo o país, será votado em 15 de junho.

Tudo começou por precipitação do próprio vice-governador. Na audiência pública realizada no fim de maio, em Manaus, ele ainda não era oficialmente investigado. Durante o evento, ele ligou várias vezes para o celular da delegada da Criança e do Adolescente, Graça Silva. Numa delas, segundo a delegada, chamou-a de "vagabunda". "Ele queria que eu entregasse os inquéritos a ele", conta Graça. Pressionada, a delegada teve uma crise hipertensiva e precisou de atendimento médico. A confusão paralisou o trabalho da CPI por três horas, o que lhe rendeu uma acusação por obstrução dos trabalhos. Primeiro, ele negou os telefonemas à delegada. Depois, disse que ligou duas vezes para pedir "rigor na apuração dos crimes".

Aziz, que já foi secretário de Segurança no governo de Amazonino Mendes, quer ser candidato a prefeito de Manaus. Ele é citado em um dos 38 inquéritos de exploração sexual de menores da delegacia de Graça. No relatório consta como cliente da cafetina Darcley Cristina Macedo, indiciada pela polícia duas vezes, mas ainda em liberdade. "Uma menina citou o Omar no inquérito, mas sem o sobrenome, e descreveu suas características, assim como deu o nome de outras pessoas influentes", diz Graça. "Não tenho competência para ouvir vice-governador, prefeito. Fiz o inquérito e mandei para a Justiça. Não quero mais falar sobre isso, já sofri muito. Vou continuar fazendo meu trabalho. Não é assalariado que contrata garota de programa." Amigos de Aziz que tiveram acesso ao inquérito estranham a parte em que a garota diz que ele lhe pediu "um beijo". "De ascendência árabe, ele não gosta de ser beijado", diz um deles.

Quem teve uma surpresa foi a deputada Suely Campos (PP-RR). Foi ela quem mais insistiu para que a audiência fosse realizada em Manaus. Sua filha é cunhada de Aziz, a quem descreve como "um rapaz de família, que sempre combateu a exploração infantil". Na audiência, foi ouvida uma conversa dela com o vice-governador, o que caracterizaria vazamento de informações. Suely nega. "Não conversei com ele", afirma. "Vamos apurar antes de julgá-lo. Se tiver culpa, aí, sim."

"Não conheço essa moça, nem sua família. Vou provar minha inocência"

Omar Aziz, vice-governador do Amazonas

Manaus, 07/06/2004



O relato da vítima


 
Aos 16 anos, ela está em outro Estado, com medo. Deu o seguinte depoimento a Época

Eu tinha uma dívida de R$ 300 com uma senhora que vende roupas, e não queria contar nada para minha mãe. Uma amiga falou que eu tinha como ganhar dinheiro fácil. Passou meu telefone para a Darcley. Foi assim que eu comecei. Era ruim, eu ficava com nojo de mim quando tava fazendo, mas ganhei bastante dinheiro e ela não me largava. Ficava me ameaçando. Numa segunda-feira ela ligou no celular para o Omar. Eram umas sete da noite. Disse para ele que eu parecia a Tati da Malhação (personagem que foi da atriz Priscila Fantin, no seriado adolescente da TV Globo). Eu só conhecia ele da televisão. A Darcley falou que ele pedia pra gente falar umas coisas e a gente tinha que falar porque ele ajudava muito ela. A gente foi ao Parque das Laranjeiras (bairro de Manaus), num lugar tipo uma loja chamado Laranjinha. Tinha de subir uma escada, a gente passava por um depósito e lá em cima tinha um escritório com uma vidraça. Era bem bonito. Tinha uma mesa bonita e um banheiro. E várias câmeras pra ver o que acontecia. Dava para enxergar o carro da Darcley. A primeira coisa que ele me pediu foi um beijo na boca. Depois ficou me perguntando de onde eu era, quantos anos eu tinha. Eu falei que tinha 14 anos. Ele falou que gostava de meninas novinhas como eu. Disse que já tinha ido lá uma outra menina, que ele estava cansado, que ela tinha feito um monte de coisas com ele. Ele era muito louco, ficava falando besteira, pedia que eu falasse o que eu queria fazer com ele. Aí eu ficava falando que queria transar com ele no elevador, essas coisas. Perguntou se o meu pai já tinha feito alguma coisa comigo, se eu já tinha feito com mulher, se topava transar com dois homens. Na hora que eu tava lá a mulher dele ligou. Ele falou que já tava indo. Foi só o que eu ouvi. Então ele foi lá no banheiro e lavou a coisa dele. Aí baixou as calças e empurrou a minha cabeça para que eu fizesse sexo oral nele. Disse que não gostava de camisinha porque apertava. Aí eu fiz nele, né. Tinha um jeito de maluco, aquele homem, vice-governador do Amazonas, falando aquelas coisas pra mim. Ele me deu R$ 150 e disse pra eu voltar no outro dia. Mas eu não voltei, não, porque eu não queria mais ir com ele. Com os outros era rapidinho, fazia tudo normal. Ele não, ficava falando aquelas palhaçadas, eu fiquei com nojo. A Darcley só botava velho para transar com a gente, não tinha nenhum novinho, bonitinho. Tudo gente da alta, gente que nem o Omar. Num outro dia eu fui com a Darcley e com a Michele, que era uma outra menina, pegar uma de 13 anos. Era uma menina meio indiazinha, que tinha fugido de casa. A Darcley ligou para o Omar e a gente foi para uma estrada perto do Hotel Tropical. Ele foi para lá num carro com insulfilme. Chegou e deu um beijo na boca de todas nós, um nojo. Reclamou da menina, que era muito magrinha e muito indiazinha. Ele gostava de menina mais clara, com cabelão e bundão. Mesmo assim, foi com ela pra dentro do carro e ficou uma meia hora lá dentro. Foi a última vez que eu vi ele. Depois, só pela TV. Eu via ele e ficava falando ‘nojento, coisa ridícula’. E minha mãe, que ainda não sabia, achava que eu tava ficando doida. A gente chamava ele de ‘nariz de tucano’. Numa delegacia que eu fui tinha a foto dele com o Amazonino Mendes na parede. Lá tem foto dele por tudo.







Enquanto importantes veículos da mídia nacional, como "O Globo" e a revista "Época" (links abaixo) divulgam este verdadeiro escândalo baré, a provinciana imprensa amazonense, lacaia do coronelismo local, tenta tapar o sol com a peneira.

Meu amigo e colega Gilson Monteiro, professor de Comunicação Social da UFAM, ao comentar tal omissão, foi agredido em sala de aula pelos irmãos-capangas de Omar Aziz, candidato ao Governo do Estado do Amazonas. Ele está com o tímpano perfurado e com apenas 50% da audição.

Vamos mostrar a estes Cidadãos Kane que a Comunicação Popular nós podemos fazer por nós mesmos, sem precisar destes obscuros veículos da imprensa marrom do Amazonas.

Saudações,

Welton



http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/08/23/cpi-da-exploracao-sexual-casos-sem-punicao-917454327.asp.

http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo2/Materia/exibir.ssp?materiaId=103663&secaoId=15223


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Um comentário:

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