"Alugaram o nosso barco e não pagam há oito meses" (Jorgina Cabelereira)

Quem passa pela frente da Igreja Matriz indo em direção ao bairro do Divino Pranto e olha para o rio não pode deixar de notar uma embarcação imponente,

  porém vazia e que está lá há muito tempo sem uso, denunciando um abandono. O Samaritano nasceu de um sonho no coração de diversos cristãos de todo o Brasil que contribuíram com a sua aquisição e manutenção.

As dificuldades de se trabalhar no coração dos rios da Amazônia tornam a missão de evangelização nas comunidades ribeirinhas algo bastante complicado, foi a partir daí que o Ministério Meta resolveu fazer um contrato com a prefeitura do município de Humaitá para poder realizar um trabalho ainda mais atuante nas comunidades da cidade, onde todo o aparato presente na embarcação poderia tornar a vida dos ribeirinhos menos dolorosa.

Com a capacidade para levar mais de 60 pessoas confortavelmente, cadeira de dentista, consultório médico entre outros serviços, o Samaritano estava pronto para ser o maior elo entre o município e suas comunidades a beira rio.

Segundo Jorgina Cabelereira, procuradora do Meta e responsável pelo contrato com a prefeitura, os pagamentos só foram feitos no início e a partir de junho de 2010 nada foi pago para a instituição. Já são oito meses e o barco foi abandonado. Após o abandono da embarcação a procuradora solicitou que pelo menos a reforma fosse feita pela prefeitura, porém além de não receber nenhum tipo de explicação o prefeito protela o quanto pode e nada faz.

A embarcação, avaliada em mais de 300 mil reais, já dá sinais de deterioração na sua parte inferior e pode ir ao fundo do rio a qualquer hora.

Jorgina afirma que não encontrou apoio em nenhum vereador da cidade, sendo que foram eles que votaram o projeto que dava a prefeitura à condição de alugar os serviços do Samaritano. O convés inferior está quase todo destruído, algumas fendas já surgem dando para ver as águas do Madeira do outro lado. Alguns equipamentos sumiram sem deixar rastros.

O que diz a Prefeitura

Conversando com Valdeir Malta, Secretário de Gabinete de Dedei Lobo, obtivemos a justificativa de que o barco não foi usado nenhuma vez por não ter nenhuma condição de uso e que a administração foi impedida de utilizar os serviços do barco por serem de valores elevados e reprovados pelo Tribunal de Contas. Sobre a questão do sumiço dos materiais do barco, Valdeir afirmou que se houver alguém que tenha que dar conta de tudo, esse é o Sr. Raimundo Nonato, responsável pela embarcação e não a administração da cidade. Ainda afirmou que Dedei sente muito, mas não pode fazer nada pelo caso.

Enquanto nada é decidido o Samaritano está à beira do rio, esperando por algo que pode não acontecer. Sem saber de nada os pacíficos botos cinza sobem para respirar e descem ao fundo sem imaginar a confusão que impera no reino dos homens.

 

Haroldo Ribeiro

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