O governo federal
incentivou a vinda de trabalhadores
do sul do país para o extremo norte do
país, o Amazonas recebeu inúmeros migrantes que traziam sua cultura e tradições
que mudaram de forma duradoura a vida do povo local. Um dos medos que fizeram o
governo incentivar os nacionais do sul do país a virem para os estados do
Amazonas, Pará, Acre e Rondônia era perder as imensas riquezas presentes no
norte da nação para os norte-americanos.
O tempo
passou e as coisas mudaram e infelizmente para pior, Jonh Auler, neto de
imigrantes que vieram da Alemanha constata com tristeza que o país de origem de
sua família passou de uma situação vexatória após o fim da segunda grande
guerra para o atual detentor da chave do cofre do Mercado Comum Europeu, isso
se deve ao avanço ocorrido pela competência do estado europeu em gerenciar suas
iniciativas desenvolvimentistas.
Por
aqui, conforme o empresário a coisa congelou e só regrediu, para começar a
rodovia que dava acesso a capital do estado ruiu para nunca mais funcionar. Os
coronéis de barranco que tinham poder de vida e morte nos áureos tempos da
borracha agora fazem suas ações com a caneta podando de todo o jeito quem vem
de fora da região. Muitos sulistas e migrantes de outras partes do Brasil foram
praticamente expulsos da região e da cidade de Humaitá. Terras tiveram de ser
abandonadas por excesso de burocracia, a madeira foi impedida de ser retirada,
campos não produzem mais nada e até o extrativismo tem várias dificuldades em
seu manejo e exploração comercial.
O slogan
que trouxe os fortes braços do sul, “migrar para não entregar” não funcionou a
contento, eles migraram, vieram para a região, mas tiveram que abandonar suas
terras por falta de apoio e muitos, os que tiveram sorte de não morrer voltaram
para o sul com a mão na frente e outra atrás. Quem conseguiu ficar teve que
encarar outras funções e muitos tiveram que se adaptar a vida de comerciante,
que também não é nada fácil, pois os impostos são gigantescos e a devolução do
estado em benefícios é insignificante.
Depois
que o governo militar saiu do poder os migrantes do sul tiveram suas vidas
transformadas num inferno na terra, até mesmo perseguições religiosas foram
empreendidas, os que vieram do sul do país tinham uma religião diferente da
praticada pela maioria, assim os luteranos sofreram perseguições pela maioria
católica que imperava na região. Depois de muito tempo de perseguição e
dificuldades sem fim colocadas no caminho dos migrantes do sul, até mesmo os
filhos da terra que saíram não quiseram mais voltar. A grande maioria dos que
fazem faculdade na cidade são de fora daqui, eles vêm de Manicoré, Borba,
Lábrea e até mesmo de Rondônia.
Auler
também constata que cidades como Ariquemes e Jarú , muito mais novas que
Humaitá estão a quilômetros a frente da Princesinha do Madeira, o que se vê é
Humaitaense espalhado por todo o lado, filhos de advogados que se formaram em
Manaus e que não querem de forma alguma vir para Humaitá, também filhos de
grandes empresários que não desejam de forma alguma abrir uma porta comercial
por estas bandas.
Após a
conversa franca com Auler sobre as condições de Humaitá em relação as que
figuram na Alemanha, numa tosca comparação com ressalvas as devidas proporções,
constata-se que é realmente estarrecedor; agricultura que regrediu,
extrativismo que estagnou, exploração da madeira que quase inexiste, filhos da
terra que migraram para Rondônia ou Manaus por não terem chance de avançar em
sua própria casa, estradas mal conservadas que gastam milhões dos cofres
públicos para nada e outras mazelas administrativas que nos colocam no rabo da
fila de um país emergente. Os dados são
tristes e facilmente comprováveis, mas será que algum dia a coisa muda pra
melhor de forma permanente?
Haroldo Ribeiro
Amazonas - Brasil
imagem: fne.org.br
imagem: fne.org.br
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