Sete e trinta da manhã, um trator começa
a roncar no
terreno invadido pelos sem teto do São Cristóvão, a Polícia Militar estava por
lá para garantir a reintegração de posse expedida pela justiça, o local já
havia sido visitado pela polícia e oficiais de justiça antes, quando alguns
barracos foram destruídos. Os sem teto não tiveram ninguém que intercedesse por
eles desta vez, eles estavam confiados num documento que dava conta que a área em
que estavam pertencia a uma empresa falida que já não paga mais seus impostos e
por isso decidiram invadir o local em busca de um lugar para edificar suas
casas. Um documento expedido pelo Cartório do 1º Ofício dava a informação que
despertava certa segurança aos sem teto e por isto eles continuaram no local.
A alegação de que a Estramar, proprietária das terras,
era uma empresa falida fez com que mais pessoas sem um lugar para morar se
concentrasse no local. Segundo os oficiais de justiça que cumpriram o mandado
da justiça, a empresa dona das terras nomeou um procurador e este entrou com o
pedido na justiça que foi concluído na manhã de terça-feira, 12 de junho.
Antes de o trator começar o trabalho um dos moradores
subiu no telhado de seu barraco para tentar impedir a derrubada da casa, mas
foi retirado pelos policiais e teve sua moradia jogada ao chão. Vários outros
barracos foram derrubados e a polícia fez de tudo para não usar a violência,
alguns demonstravam claramente o constrangimento por estar agindo para cumprir
uma ordem contra gente pobre e sem recursos. Uma das sem teto que verdadeiramente
morava no local entrou em desespero, ela desmaiou por várias vezes e gritava em
histeria por conta de sua casa que estava próxima a ser derrubada, nada
adiantou e a casa foi derrubada como as outras. No fim da operação os sem terra
ficaram revoltados com tudo o que aconteceu. Ninguém do poder público
compareceu para defendê-los e os barracos ficaram pelo chão totalmente
destruídos.
Os oficiais de justiça presentes na ação de reintegração
afirmaram, o que foi confirmado, que haviam dado o aviso cerca de seis dias
antes e que mesmo assim os invasores continuaram no local. Os que estavam na
área não têm condições de pagar aluguel, a maioria está desempregada e tudo
indica que ficarão nesta condição durante muito tempo eles esperam, depois de
tudo o que passaram, que algo seja feito em favor de sua causa. Alguns
prometeram ir até a sessão da câmara no dia em que tudo ocorreu, mas não foram
à reunião.
A terra invadida era um grande matagal, com a construção
da maior loja da cidade que é vizinha das terras o local ganhou mais valor e
ninguém quer sair no prejuízo, quem realmente teve um imenso prejuízo foram os
sem teto que investiram o que não tinham contando com uma terra que parece está
cada vez mais longe de ser suas.
Haroldo Ribeiro
sites de Humaitá não divulgarem estas informações sem a autorização de seu autor
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com responsabilidade