A estatística
de aprovação no ensino
básico apresentada pelas escolas publicas no Brasil,
constitui um calote na educação. Enquanto se confundir gastos com despesas em
vez de investimento e não houver um gerenciamento eficiente, continuaremos
prorrogando a busca da solução dos problemas da educação.
A
avaliação final dos nossos alunos é feita pela sociedade, através dos concursos
para o ingresso na atividade pública ou privada. Uma vez que a esmagadora
maioria dos concludentes do ensino básico raramente conseguem aprovação em
algum concurso ( pois tropegamente sabem ler e contar) e quando alguns deles
tem sucesso, certamente não é conseqüência da educação formal que teve, mas sim
pelo seu envolvimento com programas específicos, fora da escola, a educação
formal que estão recebendo não está “batendo” com as necessidades da sociedade.
Se não há coerência entre o índice de aprovação nos concursos e os resultados
apresentados pelas estatísticas, é fácil concluir que estamos “fazendo de
conta” que preparamos o aluno para a
vida e portanto esses resultados estão sendo manipulados pelas secretarias de
educação em todo o país, com a conivência ou omissão dos envolvidos com esse
processo fraudulento.
Podemos
citar alguns fatores responsáveis pelo alto índice de evasão e reprovação
escolar: desanimo do aluno, pois está sendo promovido para as séries seguintes
sem nenhum domínio dos pré-requisitos das séries anteriores, acarretando uma dificuldade
crescente na aquisição de novos conhecimentos(pois, como sabemos, adquirimos
novos conhecimentos através da vinculação com outros já existentes), a formação
(deformação) descontextualizada dos profissionais da educação( há décadas), equipamentos
ultrapassados ou inexistentes, grade curricular encharcada de conteúdos
descontextualizados ou inúteis(desmotivando os estudantes), que nem preparam
para o vestibular nem para o trabalho, necessidade de alguma renda; não faltam razões para afugentar os jovens das
unidades escolares. Certamente os “cartolas” da educação, que ocupam “cargos de
confiança” e pelos quais recebem a remuneração tão sonhada por àqueles que de
fato trabalham e se preocupam com o destino desses
jovens, estão conscientes de tudo isso. Acreditamos que a educação deve
acontecer de forma harmoniosa e contínua e não em pacotes estanques e
totalmente desencontrados como: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio
e ensino superior.
Anualmente,
veste-se uma roupa nova no velho, nefasto e ineficiente modelo, como novos sistemas
de avaliação(que já não tem quase nada para avaliar, pois se fizermos uma
verificação em cada série do ensino básico, chegaremos ao triste fato de que
mais de 90% dos alunos não tem a competência exigida para aquela série), cotas
para o ingresso no ensino superior, que em última analise é o reconhecimento
oficial da ineficácia do ensino básico e a formação de currais eleitorais,
ingerência de política partidária na escola, e muitos outros remendos e ações danosas a
educação.
Vocês já se perguntaram porque quando os concludentes do
ensino básico são “classificados” no exame vestibular (pois em algumas
universidades o exame já não é mais eliminatório sob pena da não formação das
turmas necessárias para manter a instituição funcionando), se desesperam ao
perceber o quanto estão aquém dos pré-requisitos básicos necessários para
concluir o seu curso e por isso muitos desistem, ficam “pulando” de curso em
curso ou são reprovados por essas instituições? Quanto custa isso ? Porque os filhos daqueles
que tem o poder de mudar essa situação, não estudam em escolas públicas ? até
eu que sou um humilde professor, por não confiar na educação publica, tenho
meus filhos em instituição privada.
Com tudo isso, não é de estranhar que o país tenha
desempenho medíocre nos exames internacionais de avaliação.Não precisa ser um especialista para perceber que há
muito tempo está acontecendo uma deseducação. A quem de fato interessa a
educação dos nossos filhos ? Quando vamos deixar de ser hipócritas e omissos? Quem
disse que professor deve ter uma remuneração menor que a de seus ex-alunos
médicos e magistrados com o mesmo nível educacional ?
Diante desse
quadro, conclamo os companheiros trabalhadores da educação para uma reflexão e
tomada de atitude.
Profº José
Carlos Souza
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