Bastião, este é o nome que as pessoas costumam lhe dar,
é homem simples, da roça mesmo, quase não tem amigos, não tem dinheiro, talvez seja esse o motivo de viver tão só.
Ele vive na Pequena cidade de Vinópolis, que tem esse nome por fabricar vinhos e exportar para todo o país.
Um dia, bem pela manhã, Bastião ouviu um gemido fino e quase silencioso, foi até lá, era no meio da mata fechada. Como era homem da roça, não teve problema em achar o local, quando percebeu que a moça, que estava amarrada, tinha ao seu lado mais dois indivíduos mal encarados traçou um plano para poder resgatá-la.
Bastião foi até próximo a um riacho, ouviu barulho de automóvel, ficou ainda mais apreensivo, pegou umas duas pedras médias e seguiu com seu plano de salvação. Voltou ao local onde estava presa a moça em apuros e notou, para sua felicidade que havia ficado somente um dos comparsas, o outro seguiu de carro sabe-se pra onde.
Ele jogou a pedra o mais longe que pode, nisso o bandido com medo, foi averiguar de que se tratava tal barulho, deixou a moça sozinha por alguns instantes dando a chance para que Bastião salvasse a pobre infeliz.
Para evitar que o meliante voltasse logo, Bastião jogou mais um pedra em outra direção, e o otário foi seguindo o som. O herói matuto pegou a moça e a levou para uma pequena gruta próxima, que poucos na cidade sabiam da existência.
Não demorou muito e o marginal voltou e percebeu que fora enganando, a fúria tomou conta de seu semblante:
- Ahraaa! Ele Vai me matar! Cadê aquela vagabunda?
Em desespero aparente o bandido seguiu mata adentro em busca da moça sumida. Dentro da gruta Bastião tirou a mordaça da moça e lhe acalmou o coração.
- Carma! Meu nome é Bastião eu sou da roça, mas cunheço isto aqui como ninguém, nós vai ficar sum um bocadinho adispois nois sai.
Yolanda Clemente, de 18 anos não sabia o que fazer, só chorava copiosamente. Ela foi seqüestrada em frente ao Colégio Modelo, o mais caro da cidade, os bandidos levaram seu celular e alguns trocados, o que eles queriam mesmo era exigir o resgate pela sua vida. Até já tinham ligado para seu pai, Salomão Clemente Machado, empresário da construção civil.
Mais calma Yolanda perguntou a Bastião quando poderiam sair.
- Só mais um bocado de tempo, nóis vai saí pelo fundo da gruta, mas permeiro tenho que ter certeza que os home mar foi embora.
Após certificar-se da saída dos marginais, Bastião saiu da gruta com a sua mais nova amiga e seguiram rumo a um orelhão, ali tentaram ligar par o pai da moça sem sucesso, pois o aparelho estava quebrado.
Parando um rapaz que passava, Yolanda pediu ajuda e conseguiu fazer uma ligação para seu pai, que aliviado, mandou que ela tomasse um taxi. Ela se despediu de Bastião e foi num taxi branco rumo ao trabalho de sei pai. Lá chegando, Salomão perguntou como escapara de tal situação sem ferimentos ou resgate, Yolanda disse:
- Um homem, muito bom... Bastião, é o seu nome. Ele esperou que os bandidos se distraíssem e me resgatou. Escondeu-me numa gruta, até que tudo estivesse limpo, e aqui estou.
- Essa história não pode ficar por isto mesmo temos que agradecer este bom homem de alguma maneira!
No fim de semana mais próximo, Yolanda e seu irmão Gustavo, seu pai e dona Norberta foram procurar o tal homem que salvara sua filha, porém não o encontraram.
Após dois anos do ocorrido, a Clemente Construções e Empreendimentos Ltda, estava fazendo uma seleção para vagas de pedreiro, muita gente esperava para fazer a entrevista, entre os testes havia uma pequena carta que os concorrentes deveriam escrever. A grande maioria se saiu bem, porém três deles não fizeram nada, pois não sabiam ler.
Após o ocorrido Yolanda passou a ir direto para o escritório do pai na Avenida Coutinho Batista mil, no centro da cidade. Naquele dia havia uma pequena obra no corredor de acesso e ela teve que desviar passando pela sala de seleção. Olhando para os candidatos ela não acreditou. Abriu um grande sorriso e abraçou um dos concorrentes. Era Bastião o herói, que naquele momento passava por dificuldades na vida campestre.
Ele foi apresentado a Salomão e obteve uma vaga na empresa só que cuidando da segurança de Yolanda... A vida soube retribuir esse homem do campo.
Haroldo Ribeiro
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