terça-feira, 5 de julho de 2011
Os dois Reinos
Num reino muito próximo havia um rei que era adorado por quase todo o povo.
Em seu governo muitos progressos podiam ser vistos pelo povo, pelos religiosos e também os que faziam parte do governo viviam relativamente bem. Um dia já velho Barteríades rei de Armelita, império da nação Deuta resolveu dividir seu reino por suas duas filhas Marla e Afavaca, poucos dias depois de fazer o ato de testamento perante o cronista real, Alfeu, o amado rei desceu a sepultura sendo pranteado por 7 dias como era o costume da nação Armelita.
Logo, sem perca de tempo Afavaca foi a procura dos documentos que a faziam rainha e deu o nome de seu novo império de Engano, o povo que habitava num reino único agora deveria se acostumar com a divisão, os que estavam do lado norte pertenceriam ao império de sua majestade a rainha Afavaca I, filha de Barteríades o grande.
Em seu primeiro ato real Afavaca obrigou os seus súditos a chamá-la de grande Afavaca I, filha de Barteríades, aumentou os impostos fazendo com que a metade do que fosse produzido viesse para os celeiros reais, com isso um círculo de pobreza e miséria se abateu sobre toda a gente de Engano.
Marla, rainha do sul precisou ser despertada por seus imediatos em relação a sua nova tarefa de governar a nação, pois a morte de seu pai ainda era muito recente e ela demorou-se a se restaurar de seu luto. Numa visita de sua irmã Afavaca, Marla perguntou:
- Irmã minha, o que está acontecendo que não vi ninguém de seu reino na festa das colheitas de fevereiro?
- De agora em diante somente eu posso sair sem aviso algum, os meus súditos só saem em missões autorizadas por mim e para fazer crescer as minhas fazendas.
- Mas, minha irmã, nós sempre fomos tão unidos em torno de um só propósito, devemos trabalhar para o bem de nossa gente!
- Loucura, somos rainhas por um destino que nos é predestinado, nascemos para mandar e eles para serem comandados.
Não querendo mais alongar a conversa Marla começou a fazer novas leis e editos nas quais até mesmo ela deveria repartir suas produções colhidas nas suas fazendas de forma igual com todos do reino. No seu primeiro ano, Marla enfrentou uma grande chuva que destruiu metade de suas lavouras, bem como a maioria das de seus súditos. Como sua lei declarava que tudo deveria ser repartido, o que aconteceu foi que havia ainda mais comida na casa de todos, pois com o edito da divisão, não era necessário vender o excesso de produção para adquirir bem algum, as trocas eram efetuadas entre o povo e tudo ia bem.
No reino do Engano, Afavaca começou a açoitar publicamente todos os revoltosos e por incrível que pareça, embora os reinos fossem vizinhos, em suas terras não houve tragédia alguma, e a produção foi recorde, isso no entanto não significou fartura para o povo, pois metade ia para os cofres reais e volta e meia alguns súditos, por suspeitas de sonegação eram levados aos tribunais. Por conta de algumas gramas a menos, alguém poderia passar até anos preso.
No ano seguinte, no reino do sul, que agora era chamado de Alegria, as coisas se modificavam, não havia mais intempérie climática alguma e a produção batia recordes e o povo alegre vivia de progresso em progresso.
Um fenômeno começou a acontecer, e num dia Venceslau, guarda-mor anunciou no palácio:
- Rainha Marla, está acontecendo um êxodo vindo de Engano.
- Qual a causa, Venceslau?
- Deixarei que um dos exilados fale por si, com certeza a minha rainha entenderá o que ocorre.
_ Que entre Ratuam, agricultor de Engano, reino de Afavaca.
- A rainha mão de vaca! Alguém pronunciou este complemente bem baixinho, alguns escutaram e a pilheria espalho-se pelos reinos.
- Grande Marla I, filha de Barteríades... Neste momento Marla interveio.
- O que é isso, não precisa me chamar de tudo isso, chama-me de Marla somente, iremos feder no túmulo, eu e tu. Ainda não descobri a diferença entre nós, senão nos poucos anos que passamos diferenciados sobre a terra de injustiça. Continue...
- Sua irmã, tem nos feito muito mal, muitos de nós morrem de fome. Os que conseguem escapar dos guardas e dos cães, muitas vezes não tem forças suficientes para fugir e acabam sendo preso e deportados
Após ouvir tal relato Marla tomou a decisão mais importante e difícil de sua vida, ela nunca notara que sua irmã possuísse um comportamento tão negativo diante da vida... De agora em diante todos os que pedirem asilo hão de receber de mim e de meus súditos o melhor dos tratamentos, pensou Marla transformando tal pensamento em edito.
A atitude tomada pela rainha do sul fez com que houvesse até mesmo ameaça de guerra entre as duas irmãs que agora eram dois reinos distintos, porém Marla resolveu não dar muita trela para sua irmã mesquinha.
Do dia em que Ratuam começou a morar no reino do sul e receber asilo real, as fugas não cessaram de ocorrer. Afavaca já começava a sentir em suas possessões a falta de gente importante. Numa quarta feira, pela manhã a rainha do norte pediu uma porção generosa de coalhada real e não foi atendida. Afavaca perguntou:
- O que está havendo, porque minha coalhada ainda não veio?
Zangorião guarda e chanceler do reino, meio temeroso respondeu:
_ Oh grande AfavacaI, Filha de Barteríades, sua coalhadeira real fugiu para o sul e foi recebida por sua irmã.
- Maldição! Quem me sobrará para mandar então?
A vida ia ficando assim, o povo indo embora e o reino do norte sendo esvaziado de todos os que tinham algum tipo de habilidade especial. A falência estava invadindo Engano e Afavaca nada podia fazer.
Após dez anos de gente indo embora e dívidas reais a fome invadiu o reino e até mesmo Afavaca estava sentido a situação difícil. Só não ia em fuga para o sul quem não tinha forças devido a fome cruel e devastadora que acometeu as terras de Afavaca.
Um dia Marla resolveu fazer uma visita a sua irmã, foi anunciada por uma voz rouca no palácio de Afavaca. Encontrou uma rainha sem brilho, deslocada de seu intento, mas irredutível em sua resolução de praticar o mal.
Marla então ordenou que sua irmãr viesse com ela, porém voltou atrás neste ato e abrandou sua voz dizendo para a outra rainha se não queria vir com ela, após receber a resposta negativa, Marla convidou os que quisessem morar no reino do sul que a seguissem para Alegria com ela.
Afavaca ficou só em seu reino, governando moscas e um dia quase sem forças e com um castelo abandonado ouviu um grande barulho de tropas invadindo suas possessões era Guitardo VII, rei de Bdélio, inimigo de seu pai que agora era o rei oficial de Engano.
O arauto anunciou:
O grande Guitardo VII, rei de Bdélio é o novo soberano de Engano e todos lhe devem honras. Neste momento Afavaca foi obrigada a se ajoelhar diante do novo rei, e, em seguida foi jogada numa masmorra onde era alimentada com uma rala ração diária servida apenas uma vez por dia.
Já sabendo do destino de sua irmã, Marla mandou os seus exércitos se prepararem para a batalha, durante dois meses preparou um grande ataque. Levou provisões, preparou armamentos, mandou seus engenheiros prepararem novos artefatos de guerra para enfrentar o inimigo de igual pra igual.
O dia do embate chegou às tropas vindas do sul chegaram de surpresa a noite pelo caminho da floresta Viva, nome dado aos arredores de Engano.
A própria rainha estava junto aos seus súditos e preparou o ânimo dos guerreiros para a peleja. Por volta de 23 horas a voz de comando enviou o som da trombeta e os valentes do sul invadiram o castelo de Engano.
Depois de três dias de intensos combates o rei Guitardo saiu por uma porta secreta que dava para os fundos do palácio, que descobrira a pós torturar a rainha má Afavaca.
Marla conseguiu entrar no castelo viu os castiçais polidos por ondem do novo rei, fogo consumindo parte dos documentos reais, Os guardas reais andavam averiguando se havia algum inimigo vivo por perto. Sem saber o paradeiro de sua irmã Marla caminhou para os porões reais e encontrou esquelética, suja e fedida sua irmã Afavaca, recolheu-a e a levou consigo para o sul.
Após deixar um esquadrão de comando para tomar conta do reino do norte que agora também lhe pertencia Afavaca voltou para Alegria e foi recebida com honraria por todo o povo presente.
Afavaca não teve mais força para governar ninguém viveu o resto de seus dias ao redor da mesa de sua irmã, doía-lhe o fato de alguém tratar os outros como igual sendo uma matriarca.
Haroldo Ribeiro
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imagem: seumabencao.blogspot.com
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Haroldo Ribeiro
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